quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Crónica San Fermin 2009: Beltrão

CAPÍTULO 1 – O COMEÇO

Indescritível.....esta é a primeira palavra que me vem à cabeça para definir as festas de San Fermin.Tudo começou no Sábado às 10:40. Apanhei o comboio com destino a Pamplona na estação de Atocha em Madrid. Já aí deu para ver como seriam os próximos dias.... Grande animação, grande festa e já a essas horas do dia muito alcool à mistura. Felizmente ainda estava sozinho por isso deu para chegar a Pamplona sóbrio. Às 13:40 coloco os pés no que me pareceu desde logo um cenário de guerra, tal era o número de “soldados” abatidos. Todos os cantos servem para dormir em Pamplona, desde a relva, os carros e até mesmo no chão. Em qualquer cantinho se pode descansar e retemperar forças para as horas seguintes.O caminho até à Plaza del Castillo demorou cerca de 20 minutos. Evitei apanhar o taxi, ao contrário do que me tinha dito o Cortes, por duas razões. Primeiro porque acho que estou cada vez mais forreta e segundo porque queria estar em contacto com a cidade desde o início. Acho que fiz bem. A amostra recolhida durante esses minutos revelaram que tinha chegado de facto ao sítio certo, mas com a roupa errada. 99% das pessoas estavam de calças brancas e camisa ou t-shirt branca. O que difere mesmo do Brasil no fim-de-ano é que em Pamplona se coloca um lenço vermelho à volta do pescoço e um cachecol também vermelho à volta da cintura! Não quis comprar logo o kit porque preferi que chegasse o nosso cabo para me aconselhar o melhor síto.

CAPÍTULO 2 – AS APRESENTAÇÕES

Após estar 1 horita à espera e de ter entrado em contacto com a minha primeira bebida alcoólica desta estância lá apareceram os meus companheiros de digressão. Dos 11 que vinham só conhecia o Cortes e o Afonso mas pelo estilo dos moços dava perceber ao longe que eram tugas. Apresentações feitas e primeiros abraços dados lá seguimos nós para a casa alugada que estava a apenas 100m da praça principal de Pamplona! Sim senhor, belo trabalho Cortes! Ficamos num anexo à casa principal que desde o início pareceu ser mesmo feito à nossa medida. Tinha nem mais nem menos que 12 camas e parecia mesmo uma camarata militar. Tendo em conta que tínhamos ido lá para a guerra estava mesmo perfeito!Deixamos as coisas em casa e fomos comprar os bilhetes para a corrida de touros. Mais uma vez o Cortes acertou em cheio na combinação porque, com mais ou menos discussão, passado meia hora já tinhamos bilhetes para todos! De qualquer maneira ainda faltavam um par de coisas.... Tinha que ir comprar o Kit de branco para a corrida e tinhamos ainda que ir ao supermercado. Ao que eu perguntei, “e porque é que vamos já ao supermercado? Porque é que não vamos amanhã já que hoje não vamos consumir o que comprarmos?” Aí os veteranos iam-me matando!!! Então não é que tudo o que comprarmos é para consumir durante a corrida?? Dá para acreditar? Na altura pensei que estavam a gozar comigo!!

CAPÍTULO 3 – A CORRIDA

Então lá fui eu já com roupa nova e completamente integrado para a minha primeira corrida de Touros! Foi nesta altura que me dei conta que eles tinham trazido outro elemento para a festa…. Era o Mexicano, um leitão assado vindo directamente das Caldas da Rainha! Como não poderia deixar de ser era também para ser consumido na corrida! Chegámos cedo à praça para ficarmos todos juntos e num lugar bom. A praça ainda estava vazia mas à medida que ia enchendo parecia que estávamos, como diria o Eduardo, no Texas! É indescritível a selvajaria que se vê…. Todos os grupos que chegam vêm devidamente equipados: Balde cheio de sangria, bastante comida e uma bisnaga (sim, uma bisnaga!!!) para encher de sangria e sujar toda a gente que está à volta. Na arena estava a tourada mas podia estar um jogo de futebol ou um concerto de rock… é indiferente porque ninguém olha lá para baixo! A festa é mesmo na bancada… bandas a tocar música, com toda a gente aos berros e bastante suja. Chega-se ao cúmulo de que quando se canta os parabéns a alguém esse suposto aniversariante é automaticamente bombardeado da cabeça aos pés com baldes de sangria…. Alucinante…. Antes de entrarmos na praça ainda tinha perguntado como é que íamos comer o leitão…. Depois de ver o que descrevi acima tudo fez sentido… com a mão, como não poderia deixar de ser! E estava óptimo! Do pouco que vi da corrida achei tudo giro excepto a parte do picador que me pareceu uma selvajaria. Acho que vou voltar a experimentar, duvido é que numa praça “normal” seja tão divertido! De qualquer maneira ainda deu para gritar uns vivas ao Joselillo, sem dúvida o toureiro mais popular desta corrida!

CAPÍTULO 4 – JANTAR E FIESTA

Depois da corrida e já todos completamente sujos, fomos jantar. Fomos ao Alberto um local calmo e tranquilo cuja melhor qualidade, ao contrário dos nossos amigos do Paco, era que se esqueciam de assentar muitas bebidas na conta. Após o jantar, e como não poderia deixar de ser, fiesta até altas horas. Embora sendo Sábado, é incrível a quantidade de gente que se estava a divertir até tarde!!! Isso também acontece porque a largada é às 8…. O que quer dizer que muitos nem se chegam a deitar!

Por falar em largada de touros…. Não….. não fui! Gostava de ter ido mas mais às 8 da noite e não 8 da manhã! É que nem para ir trabalhar acordo às 8 da manhã quanto mais quando estou de férias!

CAPÍTULO 5 – MAIS DO MESMO

No dia seguinte foi mais do mesmo! Desta vez já tínhamos comido o Mexicano por isso fomos a um restaurante chinês. E porquê a um restaurante chinês perguntam vocês. A resposta é simples…. Porque tudo o que sobra é colocado em tupperwares, leva-se para a praça e é óptimo para atirar ou aventar (aventar é o termo utilizado para definir a acção de atirar comida às ventas das pessoas) às pessoas! Espectacular!

Depois do almoço, supermercado e depois do supermercado corrida connosco! Desta vez ainda consegui ficar mais sujo, de tal forma que a minha T-shirt passou de branca a rosa parecia que tinha vindo de uma concentração Gay! No fim da corrida ainda fomos até à arena para levar o nosso cabo Cortes em ombros pela porta principal da praça! Mereceu! Foi a sua sexta presença, continua a ser o grande dinamizador e organizador, e sem dúvida foi o responsável por eu estar lá!

Nesse dia só o Cortes, o Peu e eu é que quisemos ir jantar. Quisemos…. mas não conseguimos porque já era tarde e não encontramos nenhum restaurante.... a probabilidade de encontrar um restaurante teria sido, provavelmente, maior se não tivessemos estado sentados no chão a beber gins tónicos durante 3 horas depois da corrida…. No problem! Come-se um bocadillo e já está! Outra vez grande festa até às tantas que até incluiu uma multa ao nosso cabo por urinar no meio da praça!!!

O pior destes dias foi mesmo acordar no dia seguinte! É que um corpo de quase 30 anos e depois de duas noitadas já não responde da mesma forma! De qualquer maneira a viagem de volta no comboio até correu bem…. Não era para mais…. Como o comboio estava todo de ressaca não se ouvia nem um pio….

CAPÍTULO 6 – RESUMINDO

Resumindo, foi espectacular! O problema é que mesmo eu descrevendo optimamente as Festas de San Fermin (o que não foi o caso!) só mesmo estando lá é que vão entender o que é estar em Iruña (o nome basco de Pamplona) nesta altura! Para o ano estou lá para conseguir a minha segunda estrela!

Viva San Fermin!
Gora San Fermin!
Aqui fivam 2 videos, que não sendo nossos, demostram um pouco do que se vive na corrida: