quinta-feira, 30 de julho de 2009

Crónica San Fermin 2009: Zé Barradas Rosado (Cabo Debutantes)

Foi com enorme orgulho, honra e satisfação que recebi o convite do nosso cabo para escrever uma crónica sobre a Digressão a Pamplona 2009, aceitei de imediato o convite mas de forma premeditada comecei a escrever as primeiras palavras duas semanas depois da nossa chegada, apenas para evitar que o meu discurso fosse consumido pelo facto de ter acabado de viver uma das experiências mais marcantes da minha vida...

A dificuldade com que saíram as primeiras frases cedo revelou a dificuldade desta tarefa que me tinha sido incumbida, na verdade escrever uma crónica sobre um acontecimento que apenas pode ser entendido quando vivido torna quase impossível qualquer tentativa de descrição….

Dessa forma, face a todas estas condicionantes resta-me pedir desde já desculpas se a minha crónica não reflectir de forma fiel tudo aquilo que foi a nossa digressão.

ERA UMA VEZ….
No início do ano em conversa com o Janjão, surgiu o tema de San Fermin e depois de palavra e meia a conversa terminou com a afirmação «…liga já ao Duarte para saber se pudemos ir…», dias depois veio a boa nova…PODIAMOS IR!!!!!

Falámos com uma rapaziada amiga para saber se queriam ir, e pouco tempo depois tínhamos 7 corajosos debutantes prontos a viajar para o desconhecido…mais tarde viríamos a perceber que o desconhecido afinal era o Paraíso…

Foram longos meses de espera, onde se afinaram as agulhas e onde se ultimaram todos os pormenores para que nada fosse deixado ao acaso, nesta etapa da viagem gostava de realçar o trabalho do nosso cabo que quanto a mim é o elemento que torna possível não só a realização da viagem como a execução da mesma com uma organização quase imaculada.

E assim tudo se conjugou na última combinação de todas «…sábado (dia 11 de Julho de 2009) às 7 da manhã no bar do aeroporto depois das passadeiras rolantes, têm lá umas imperiais belíssimas….». Às sete da manhã lá estávamos os 7 debutantes com os 3 GRANDES COLOSSOS das digressões a SAN FERMIN:
- Cabo Cortes
- Xico Garcia
- e uma espécie de ser humano que eu não sabia que existia… Afonsinho Nobre que em Pamplona se transforma em Gerente, mas que para mim ficará para sempre o RIFA (explicarei mais à frente)
- Viagem Lisboa-Madrid nada a declarar.
- Aeroporto de Madrid, 20 ou 30 latas para criar ambiente mas o mais importante foi a chegada de mais um veterano (que pelo que pude perceber o número de digressões em que participou é um assunto pouco consensual), Peu Torres de seu nome, Amarillo em San Fermin.
- Viagem Madrid-Pamplona, mais umas tampinhas de vodka e a vontade de chegar….
E assim finalmente chegámos a Pamplona, na verdade a primeira coisa que se nota assim que se chega a San Fermin para além do grande movimento de malta trajada de branco e encarnado, e agora temos de ser realistas, é sem duvida nenhuma o cheiro que existe no ar, é um cheiro inexplicavelmente forte e intenso que nem o nariz do mais experiente enólogo conseguiria decifrar, é algo que se deverá situar algures entre:
- Vomitado
- Vinho fermentado
- Mijo
- Merda
- Lixo
- etc
Mas enfim, passadas duas ou três horas já nem se nota (…primeiro estranha-se depois entranha-se…)
Fomos directos para a casa do Tio Jaime, que diga-se é a casa perfeita para a viagem perfeita…
De realçar a chegada de mais um debutante, que viria a demonstrar qualidades e ritmo de veterano, Beltrão de seu nome.
Para mim o primeiro grande momento da viagem acontece na compra dos bilhetes para as corridas a um xuleko espanhol, que afinal não eram bem o que tínhamos pedido, e neste capítulo resumo tudo numa frase «…XICO eres un MÁMON…».

Corridas, 3 corridas onde actuaram 9 brilhantes toureiros cada um com o seu nome de baptizo (Ah!!! o Padilla sei que esteve lá…), acho que é o que menos interessa para quem vai para as Andanadas Sol, na realidade as corridas são algo de sobrenatural, a malta vai carregada de litros e litros de vinho que se transforma em sangria já dentro da praça, parte dessa sangria chega inclusivamente a ser bebida, já que dentro da praça tudo é AVENTÁVÉL (para trás é que não pode ser nada…).

A gastronomia também não é deixada ao acaso, no intervalo aparece comida de todos os lados (também aventada…), de realçar o brilharete que fizemos na 1ª corrida com o «Mexicano» que além de estar saboroso q.b. serviu de moeda de troca para várias mãozadas de paella.

De arrepiar todas as músicas que se cantam, Chica Ye-Ye, El Rey, Eurovision…Enfim apenas quem já lá esteve poderá perceber o significado (leia-se Selvajaria…) de uma corrida em San Fermin.

Noite, bem a noite de San Fermin acaba por ser exactamente a mesma coisa que o dia (só que está escuro…), o álcool que se ingere o ritmo a que se bebe e as parvoeiras que se fazem são constantes durante 24 horas, a sensação com que se fica é que em qualquer momento do dia/noite podemos fazer a maior parvoíce que nos vier à cabeça que ninguém nos vai levar a mal, podemos até ser brindados com salvas de palmas.

Apesar de se terem passado algumas coisas dignas de destaque nas duas primeiras noites, na minha opinião e penso que na de todos foi na terceira noite que se atingiu o zénite da digressão, na realidade durante um par (largo) de horas todos os participantes da digressão tomaram de assalto o bar dos presuntos em plena Calle Estafeta, durante essas horas em que AKELA MERDA FOI NOSSA!!! foi-nos permitido quase tudo…bem quase tudo não, foi mesmo TUDO. Por exemplo, César «O Porteiro» Calmeirão beijou (entre homens e mulheres) mais de 40 pessoas sem a mais pequena tentativa de agressão, a minha pessoa ainda que de forma involuntária, aventou uma cabeçada na boca de um anão (aí com 1.9 m de altura e 100 kilotes) sem sofrer a mais pequena retaliação, ficando até um grande amigo do referido anão (por ele até tínhamos ficado intímos…). Na verdade o grau de loukura a que levámos aquele pequeno local, ao som de Thriller, Billy Jean, R.I.O., Follow the Leader, Morro do Dênde entre outros, atraiu centenas de pessoas entre os quais gajos, gajas, indecisos e outros, no entanto fosse qual fosse a percentagem de cada uma das «raças» nada interessava porque na realidade aquilo foi simplesmente NOSSO!!!!

Encierros, bem aqui as coisas piam de outra maneira…

Manhã de Domingo, encierro dos Miuras, os debutantes movidos por uma ignorância sem precedentes, saiem da cama meia hora antes do acontecimento sem terem a miníma noção de como e onde deveriam entrar, resultado, não conseguimos entrar, os touros passaram a 5 metros de nós mas vimos o encierro na televisão de um café….
De realçar a presença no encierro do nosso veterano Xico Garcia que se colocou na zona da entrada do Callejon, e que conseguiu apenas com o «Saber estar en su sitio» levar o tresmalhado Miura praticamente até à entrada da praça.
Manhã de Segunda, touros Fuente Ymbro, desta vez acordámos (debutantes) hora e meia antes da largada, entrei eu e o Gonçalo para a zona inicial do encierro. Foi uma longa hora de espera, onde entre o medo o pavor e a adrenalina discutimos qual a melhor zona para ficarmos (não fazíamos a miníma...) e a melhor maneira para corrermos (…lol). Assim que suou o foguete percebemos que as nossas combinações e tentativas de prognóstico de nada nos iam valer, pois entre a multidão que vem na frente dos bois, a policia a gritar «tienes q correr!!!» e a incerteza do sitio de entrada da manada, tudo se resume em poucos segundos com os touros a passarem a pouco mais de um metro de nós mas com uma palheta tal que tornou impossível acompanhá-los, ainda chegámos perto mas acabámos por ficar presos na entrada da Calle Estafeta.

Fica a promessa que para o ano irei tentar fazer melhor….assim os veteranos me ajudem…
Manhã de Terça, o encierro para nós já tinha sido umas horas antes nos Presuntos….
O encierro é para mim sem sombra de dúvida a «cereja no topo do bolo» de toda a digressão, numa viagem já por si caracterizada por emoções fortes viver o encierro por dentro faz-nos passar por momentos inesquecíveis, viajamos em poucos segundos entre o medo e a glória e todos aqueles segundos ficam marcados na nossa mente para o resto da vida…
De uma forma mais ou menos resumida foi esta a forma como eu vi e vivi esta grande viagem, realizada na companhia de alguns grandes amigos que tenho e de outros que espero que o venham a ser.
Resta-me por fim prestar a minha humilde homenagem aos veteranos que nos deram o privilégio de nos acompanhar nesta grande odisseia.

- Cabo Cortes – bem… como eu referi anteriormente, este homem é para mim a pessoa que torna possível toda a viagem, sem ele e sem a sua disponibilidade tudo seria muito mais difícil, para não dizer impossível.
Agradeço-te a forma como nos acolheste no grupo e nos integraste, e como forma de agradecimento proponho que sejas nomeado CABO VITALÍCIO das Digressões a San Fermin (sem hipótese de recurso).

- Xico Garcia – bem… quem conhece o pai deste veterano, percebe o significado da expressão, «Filho de peixe sabe nadar», o sentido de humor evidenciado quer pela sua qualidade quer pela sua constância fizeram me rir do princípio ao fim da viagem. Muito forte também na resistência demonstrada e nos sábios ensinamentos que nos foi dando em todas as vertentes da festa, membro imprescindível em qualquer digressão.

- Amarillo - dos 4 «velhotes» aquele que me pareceu mais recatado, no entanto a espaços podémos perceber realmente a fibra que existe no interior dum veterano, efectuou um voo na passagem das bancadas para o ruedo, que tal como muitos dos voos nos últimos tempos acabou em desastre, valeu pelo barulho que fez a bater no chão...

- Gerente – é difícil encontrar uma descrição para este ser, a sua presença é sinónimo de riso e boa disposição, êxitos como «Tombe La Neige», «Chica Ye-Ye», «L’Italiano Vero» e «Vais Partir» fazem parte do seu repertório de cantor, e saiem com uma frequência directamente proporcional ao álcool ingerido, sempre entremeadas com o seu movimento (em câmara lenta) de denilson sobre um copo de álcool (que normalmente acaba despejado). Muito forte também nas relações publicas.

Palavra também para todos os debutantes (incluindo eu), que para a primeira aparição estiveram, na minha opinião, à altura dos acontecimentos. Cada um no seu tranco, que apesar de ter estado longe do ritmo dos veteranos, foi o suficiente para conseguirmos criar um grupo unido e divertido.
Resta-me dizer que para mim esta foi só a primeira de muitas digressões, assim a sorte me permita…

Detalhes da digressão (pequenos momentos ocorridos durante a digressão, que pelo que nos fizeram rir, merecem ser contados)

- Todos os momentos em que o nosso Gerente se lembrou de cantar (este homem reinventa as letras de uma forma extraordinária)

- Chegada em directa de Xico Garcia a casa, passados 5 segundos depois de se deitar, afirma para si próprio (mas em voz alta), «…bem já descansi…» levantando-se em seguida.

- Em pleno jantar Gerente, coloca-se em cima da cadeira e num acto de loukura faz de improviso um verso que até lhe saiu razoavelmente bem, embebido nos aplausos no público tenta a execução de uma segunda sorte que simplesmente não saiu, em desespero e ainda em cima da cadeira o nosso Gerente olhando para nós pelo canto do olho afirma em voz baixa «…Ajudem-me…»

- Na viagem de regresso para Lisboa, ao entrarmos no avião, Gerente olhou para o número do seu lugar e num acto de humildade e sinceridade perguntou à malta que o rodeava «… a quem é que calhou a rifa?...»

Muitos outros momentos se passaram mas na verdade só me lembro destes…

VIVA SAN FERMIN!!!
GORA SAN FERMIN!!!

Grande Abraço

terça-feira, 28 de julho de 2009

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Digressão Sanfermin 2009: Reportagem

































A entrega do pañuelo ao Mexicano


Mais uma vez os veteranos juntos

Todos os debutantes


A entrega do pañuelo ao debutante Beltrão
O grupo finalmente completo e mais uns artistas
O desembarque do Mexicano

Entrega do kit oficial de 2009 a um dos elementos que faltavam

Ó Gerente não bebas tanto!
Cafetaria no Aeroporto de Barajas
Reparem bem nas 6 estrelas destes senhores!
O Grupo quase completo (faltavam 2)
Os debutantes
Os Veteranos
Entrega do pañuelo ao veterano Gerente