Há uma pequena polémica que sempre minou a amizade profunda que existe entre os participantes deste certame chamado Sanfermines.
É a definição de pioneiro. Pode parecer uma questão menor, mas no terreno por vezes estas questões podem ferir susceptibilidades. Penso agora ser o momento indicado para pôr uma pedra sobre este assunto. Como pessoa diligente, fui ao dicionário da Porto Editora tentar por fim descobrir o significado da palavra “pioneiro”, que tantas discussões acaloradas tem suscitado. Passo a citar os resultados:
Pioneiro, do francês "pionnier"
Substantivo masculino
- aquele que primeiro descobre ou abre caminho através de uma região desconhecida;
- figurado aquele que é o primeiro a empreender algo ou a explorar determinado tema ou actividade;
- figurado aquele que trabalha para um fim útil, preparando os resultados futuros;
- figurado precursor.
Assim, penso que não restarão dúvidas que, entre nós, as únicas pessoas que alguma vez poderão ser apelidadas de “Pioneiros” são, para além da minha pessoa, os meus amigos e primos Diogo e Kiko Sepúlveda, que nesse fabuloso ano de 2001, enfrentaram o desconhecido contra ventos e marés, saindo em ombros.
[Fim de ponto prévio.]
Blogger: Sucintamente como descreve as Festas de Sanfermin?
Amarelo: Uma boa descrição de Pamplona - e as recordações nítidas não são muitas – é uma onda gigante num dia de Salgados de bandeira encarnada. A verdade é que, se “mergulharmos” mesmo em San Fermin, os 3 ou 4 dias vão passar a voar, e vamos sair de lá sem saber bem o que é que aconteceu. Saímos doridos e cansados, e nunca, mas nunca vamos perceber bem porquê. Perguntem ao Gerente.
Blogger: De todas as tradições e rituais que compõe as festas, o que mais aprecia?
Amarelo: Aí não há dúvidas: claramente as corridas. Já fui a muitas corridas, em muitos sítios diferentes, mas o que se passa nas andanadas é difícil de explicar para quem nunca foi. É um universo paralelo, vale tudo, não há regras. Mentira: há uma regra fundamental – ignorar os toiros. Inesquecível a minha primeira entrada no “Sol” de uma corrida nos San Fermines (2001). Eu, Diogo e Kiko, de pé, entramos, olhamos à volta, olhamos uns prós outros, sentimos o ambiente... Tudo isto demorou no máximo 5 segundos. Tempo mais do que suficiente para o Kiko levar com 2 laranjas em cheio na tromba. Outra regra de ouro: a malta de Pamplona bebe muito; mas a pontaria tá sempre impecável.
Blogger: Qual foi a melhor digressão que realizou?
Amarelo: Dizem que não há amor como o primeiro, mas tenho dúvidas. Fui em 2001 e em 2005, com grupos completamente diferentes. Ambos foram sem dúvida das melhores viagens da minha vida.
Blogger: Quais os melhores e piores momentos de todas as digressões?
Amarelo: Melhor Momento: Talvez a entrada do Peidinha no túnel de acesso ao Praça, à frente dos bois, no segundo encerro de 2005. Brilhante, só ao alcance de predestinados!
(Em alternativa, todos os momentos proporcionados por esse Senhor chamado Afonso Nobre, até às 11 da noite, hora que invariavelmente quinava.)
Pior Momento: Sem dúvida, não ter podido ir em 2006. Não tinha sido fácil de muletas, mas ainda me está atravessada.
Blogger: Quais os touros que mais gosta de correr?
Amarelo: Desde muito pequeno, o meu sonho sempre foi correr os Barbeiros. Mas como nunca são contratados para Pamplona, tenho que escolher os Miuras. 2 razões: a) são os mais fáceis de correr, tal a falta de bravura; b) tem pinta um gajo dizer que correu os Miuras, não tem?
Blogger: Que figura escolheria para correr a seu lado?
Amarelo:
1. Ernest Hemingway, ídolo e figura mais importante dos Sanfermines;
2. Enrique Ponce – maestro;
3. Simão Sabrosa – para lhe pregar uma rasteira na curva da morte;
E claro, Cortes, Calhandra, Kiko, Dufo, e todos os grandes amigos com quem já pude correr.
Blogger: Quais são as expectativas para a digressão deste ano?
Amarelo: São as melhores. O regresso de avião parece-me bastante mais agradável do que a Ford transit da outra vez. E vai deixar a malta que vai ao casório do roque abrir o livrinho como sempre. A casa na calle estafeta é um luxo que só um brilhante “organizador de merdas” como o cortes pode proporcionar. Tou a contar que o Cortes leve o seu kit dos Camarões, e que o Gerente leve a camisola do Palmeiras. São tão conhecidos como a estátua do hemingway. Ah, e vou levar uma trela, que vou prender à canela do gerente. Este ano o gajo não se perde!
Blogger: Dos elementos que compõem a equipa para 2007, quem acha que se vai
destacar?
Amarelo: Parece-me que o plantel está bem construído, equilibrado, com as doses certas de fantasia e disciplina táctica.
Vejamos:
Nunca vi o Durão em acção em Pamplona, mas duvido que me desiluda. Tem uma reputação de vários anos a defender. No fundo é um João Moutinho, que não sabe jogar mal;
Sobre a lenda viva Gerente penso que está quase tudo dito. Nem bem, nem mal, antes pelo contrário, é igual a si próprio – um talento enorme. O nosso Nani;
Chico Garcia traz o perfume da raia alentejana, um toque de classe em Navarra, uma aposta segura. Podemos chamar-lhe Tonel, mas eu prefiro André Cruz;
O Empis é daqueles que tem tudo pra dar certo, seja a correr toiros na estafeta como a jogar macramé no jardim da estrela... o galgas nunca se perde e está sempre em casa. Um Derlei, portanto;
Em relação ao Lancastre, sou eu que o conheço melhor, e vão pela minha palavra quando digo que ele vai comer a relva. É um lobo com pele de cordeiro, e não vai precisar de grandes ambientações. Sem dúvida um Yannick Pupo, pronto para os grandes palcos;
Quanto ao Pombo, não o conheço tão bem, mas também para ele o céu é o limite. No fundo é um Ismailov, um reforço de craveira internacional que não vem substituir ninguém, e apenas quer ajudar o colectivo;
Zé Real é um nome temido em várias cidades: Évora, Idanha, Moura, Sevilha e Marco de Canaveses, para citar as mais flagrantes. Sê-lo-á também no país basco - aposto o primeiro kalimotxo do dia. Jogador duro, mas leal. Talvez um Makelele, pelas óbvias semelhanças físicas;
E falta o Cortes, pega-bombas, ou ainda wolverine, pela sua notável capacidade de recuperação. Um fenómeno físico, um tractor com tracção às quatro rodas que funciona a tinto verano e muita vontade de triunfar. Um pequeno lionel messi.
Ah, e cuidado comigo este ano!! Que ganhe o melhor..
Um grande abraço,
Peu Torres - Amarelo